segunda-feira, 3 de setembro de 2007

CANTO DO MEU NORDESTE

Foto: baixaki.ig.com.br









Gilbamar de Oliveira


Meu céu é de um azul escandaloso, pespegado por bordados
De nuvens esparsas como pequeninos flocos de

Algodão displicentemente jogados por algum moleque doidão
Que ousou enfrentar os tiranos da falsidade do do sorriso feio

Meu sol é ousadamente intenso, forte, escaldante, furioso.
Há pássaros negros sobrevoando o espaço do meu Nordeste;
Tranqüilos, eles planam indiferentes ao calor...esperam...
Sabem que algum animal morrerá em pouco.. sempre sobram

Restos dos sobejos para eles.. calmamente aguardam a carniça
Porém, meu canto não é de dor, mas de suave sobriedade, de
Encantamento sem desencanto, de soberba alegria que se
Espraia em derredor e alcança cada ser humano melancólico,

Elevando-o ao alento, à indiferença, ao desgosto secular
De vidas sem a menor graça, desprovidas de futuro e vontade.
Meu chão não é somente de asfalto ou barro quentes, mas
Também de encantadoras praias ensolaradas disputadas por turistas

Que fogem da frieza sulina em busca do gostoso prazer cálido
Que ele, este chão alucinante, proporciona com as águas do
Atlântico. É terra seca pelo sol inclemente, contudo molhada
Pelas ondas sonolentas do oceano; tanto afoga quanto queima.

Meu povo assemelha-se à Fênix mitológica em suas nuanças
Pois chora e clama a fome e a dor da fome, sorri e gargalha
Por no íntimo ser o mais alegre, quiçá o mais solidário... morre
De sede, o meu povo, mas ressurge na alegria do seu folclore,

Do carnaval, dos seus forrós, lambadas e frevos. Morre
De fome, contudo divide seu pão com alguém ainda
Mais necessitado...ainda mais andrajoso. É o meu povo,
Que, conquanto triste devido as mazelas climáticas, exala a
Mais completa das alegrias... pranteia e ri a um só tempo.

Incongruência? Doçura de coração, eu diria melhor..
Minhas matas são como virgens, as mais belas e luxuriantes do
Planeta, fauna e flora interagindo no mais perfeito equilíbrio
Apesar das mãos dos homens e seus machados e serras, apesar

Dos inúmeros pesares e percalços... apesar de tantos “apesares”
E de um sem número de aflições, desgostos, desalentos...
Apesar ...é o meu povo, sim, o meu céu, o meu chão, as minhas matas.
Minhas praias inundadas de sol e lindas mulheres sensuais,



Alegria é tristeza, o meu canto é pranto, meu sorriso é esgar,
Meu tudo/nada, lágrimas descendo grossas e tépidas face abaixo,
Tendo nos olhos o mais encantador ar de riso, o típico/atípico,
Um povo valente, destemido...um chão que produz as mais variadas

E fartas frutas tropicais exportadas para os estrangeiros...o céu
Mais cheio de estrelas à noite, Ursas maiores e menores, pássaros
Que não são apenas escuros e de mau agouro, pois que voejam
Em nosso céu azul um sem número de alados sem pressa:

Joões de barro, pintassilgos, galos-de-campina, graúnas, canários,

E tantos e tantos e tantos...o meu espaço...o meu tudo, o meu todo meu.

O sol que castiga inclemente o chão já tão seco, tão sem água,

Mas também a lua que nasce linda com a noite que chega encantadora.

Um comentário:

Unknown disse...

OLÁ GILBAMAR, AMEI SEU BLOG, REALMENTE VC É UM ESCRITOR DE MÃO CHEIA.

OBRIGADA POR ESCREVER TÃO BEM.