quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PSIU, SILÊNCIO!

Desfruto, por vezes, aqueles necessários instantes de silêncio tão importantes em determinados intervalos de nossa vida. Mormente quando estou lendo e principalmente nesses preciosos instante, preciso do silêncio absoluto. E fico assim absorto no som imperceptível aos ouvidos humanos, inaudível dizendo melhor, mas que é proporcionado, por incrível que pareça, pelo silêncio, meio como um mero e sub-reptício ruído diferente do barulho causado pelo cotidiano, mais lembrando um farfalhar de folhas sob a brisa intermitente. E o mundo vai girando enquanto isso, as coisas vão acontecendo por aí, a vida insiste em ressurgir e prossegue, a morte se torna explícita, as pessoas sorriem em abraços e beijos, alguns choram e tudo segue na mais inusitada calmaria nesse interlúdio silencioso infinitesimal em meu recôndito. Mesmo que tudo exploda em cicios intermináveis alhures. Ler em silêncio é, para mim, o melhor meio de estar em sintonia com as idéias do autor. O ideal portanto, é óbvio. Há quem prefira ouvir música ou aproveitar o corre-corre da rotina para abrir um livro e penetrar no seu universo, porém a meu ver nada melhor que a tranqüilidade para usufruir de boa leitura. Porque a ausência de barulho é um cúmplice especial para tornar o desfrute ainda mais saboroso e profundo, especialmente se denso o compêndio. Impende haver concentração para que o entendimento da mensagem do livro seja completamente absorvido e digerido. É muito difícil, impossível realmente, prestar igual atenção aos ruídos e ao conteúdo escrito. Seria como servir a dois senhores ao mesmo tempo e a ninguém é dado possuir essa capacidade sem incorrer em falhas evidentes. Na infância, todos nos sentimos confortáveis e seguros quando vamos dormir ouvindo as vozes de nossos pais pela casa, é algo natural e compreensível. Traz aquela sensação de alívio por sabermos que eles estão cuidando de todos os detalhes para nos garantir um sono saudável e reparador. Já em nossa fase adulta, no entanto, quando no leito, a melhor companhia para adormecer é o silêncio. Qualquer parco ruído, o mínimo que seja como o constante pingar da torneira mal fechada nos impede a concentração adequada para o doce embalo de dormir. Enquanto não nos levantamos, impacientes, para interromper a causa da perturbação não logramos conciliar o repouso noturno. Isso é comprovadamente notório. A propósito disso, vejam o caso, por exemplo, dos hospitais e bibliotecas, onde o império é do silêncio por imposição legal. Nesses locais não se deve gritar nem fazer algazarras, a ordem é permanecer na quietude plena. Lá podemos apenas falar em voz baixa, em sussurros eu diria, para não agitar os enfermos internados nem atrapalhar os leitores ocasionais. E nos condomínios? Tratando-se de um aglomerado de pessoas diferentes num só espaço, onde cada cabeça é palco de culturas e atitudes adversas, normal e imprescindível existir controle para impedir disparidades e incongruências tais como música alta e festas depois das dez horas da noite nos apartamentos durante a semana. A Lei do silêncio é essencial ao sossego e à paz nesses lugares onde se amontoam indivíduos desiguais. Não fora assim e o caos reinaria, sendo impossível a convivência pacífica entre os condôminos. Depreende-se, por conseguinte, que o silêncio na dose certa faz parte visceral da existência humana desde que nos locais e momentos certos garantindo, assim, o equilíbrio para termos melhor qualidade de vida.

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