terça-feira, 8 de julho de 2008

EMPINANDO PAPAGAIOS

Na minha infância também empinei pipas(aqui entre nós cognominadas de papagaios), mas nunca participei da caçada àquelas derrubadas por linhas com cerol. Essa atividade ficava restrita à molecada mais afoita. Quando li o romance de Khaled Hosseini "O Caçador de pipas" , foram irrisórios os ínfimos instantes em que lembrei dos papagaios de minha meninice. Porque a trama versa essencialmente sobre a força da amizade verdadeira e a fraqueza da covardia; o horror vivido pelos afegãos ante a crueldade dos Talebans e a honra que jamais deve ser abandonada por mais bárbara que seja a realidade; o medo estampado nos olhos e nos corações dos indefesos; a culpa e o remorso sentido por quem poderia ter feito algo em defesa de alguém e não fez. A alma do leitor se incandesce de pavor, se encanta por vêzes, chora outras tantas, e acompanha os desencontros dos personagens tomado por um constante frenesi. São 365 páginas de pura amoção avassaladora. Para mim, o momento mais tocante do livro é quando o pequeno Sohrab, que no relato tem grande importância, corta os pulsos e... A história, contudo, prende nossa atenção desde o começo sem perder o fio da meada nessa sensibilidade que vai angustiando o coração até a última frase. A versão cinematográfica não está à altura do contexto literário, pude perceber ao assistir ao filme . É pobre, diferente em determinados pontos, e não foca com perfeição a extrema frieza do principal protagonista no relato quando confrontado com determinados fatos que estarreceriam qualquer um. Hassan vai levar alguns leitores às lágrimas, e a ótica dos afegãos a respeito do casamento e do namoro será realmente estranha para nós ocidentais. Enfim, O Caçador de pipas, considerado o Melhor livro do ano pelo jornal San Francisco Chronicle e figurando entre os Dez melhores do ano na seleção da Entertainmento Weekly, é leitura obrigatória para quem gosta de se deleitar com a boa literatura mundial.

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