domingo, 21 de setembro de 2008

NOVA PETRÓPOLIS RS


Pense calmamente numa encantadora casinha de boneca européia toda arrumada como manda o figurino, limpa e encantadora, os seus moradores muito bem vestidos e sorridentes e os compartimentos da linda residência feitos com o esmero do artista compenetrado. Acrescente a tudo isso um gostoso clima frio sufocado por casacos de couro, sobretudos de lã, botas que torneam as pernas das mulheres e cachecóis charmosos envolvendo pescoços e colos, chimarrão, graça e suntuosidade. Assim é, mais ou menos, a maravilhosa cidade de Nova Petrópolis, situada nas Serras Gaúchas. Ao caminhar por suas ruas e deparar com a arquitetura estilo alemão e encontrar os neopetrolenses a caminho das atividades cotidianas temos a impressão de que não estamos mais no Brasil. O sotaque característico, os termos regionais, o porte elegante e o amor às tradições gaúchas dão o toque final de refinamento a esse povo acolhedor e sorridente.


Como nos demais municípios que fazem o conjunto de cidades das serras do sul, lá também vemos o zelo com que tratam as ruas, a limpeza, os canteiros com plantas variadas, as roseiras, tudo com muito bom gosto. Nas lojas do centro, todas que visitei, percebe-se o luxo, a primazia na decoração do ambiente, o ótimo atendimento e o cuidado de encantar o cliente com aquele charme do comércio variado. Pode ser até que tenha, mas confesso que não avistei nenhum pedinte em Nova Petrópolis, ninguém mal vestido e nada que denotasse qualquer resquício de violência ou receio de que alguém pudesse ser assaltado ao caminhar por suas ruas e vielas bem tratadas. Entramos em cafeterias, restaurantes, supermercados e só vimos muita gente circulando por esses locais com a maior tranquilidade, sem demonstrar qualquer receio, sorriso nos lábios, bolsas a tiracolo, tudo como sói acontecer nas plagas onde a educação predomina e há civilidade.


Quando o novoeiro desceu subitamente sobre Nova Petrópolis parecia um manto cinzento amavelmente colocado sobre o dorso de alguém. As luzes dos carros foram acesas, os semáforos funcionando normalmente, os motoristas respeitando os pedestres que pisavam na sua faixa, parando seu veículo tão-logo os avistavam colocando ali seus pés. E novamente me veio aquela sensação de estar passeando por ruas e avenidas estrangeiras, mormente da Europa, sob um desmesurado frio contido pelo sobretudo de couro secundado por cachecol e grossas luvas.


O regresso para Gramado via Rota Romântica, por onde já viéramos e cujas paisagens deslumbrantes tornam românticos até mesmo os mais circunspectos dos homens, completou sobremaneira o clima quimérico desse passeio inesquecível à bela Nova Petrópolis, que me lembra, como dito acima, uma casinha de boneca pela qual seus moradores têm um zelo extraordinário e inigualável carinho. Zelo a ser imitado, carinho que se deve ter pela terra onde vivemos.

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