sexta-feira, 27 de março de 2009

A FELICIDADE

Ao longo de toda minha vida andei tentando cultivar a semente da tenra plantinha chamada felicidade com o máximo cuidado. Fui arando os espaços por onde caminhei, distribuindo sorrisos, engolindo em seco - algumas vezes também ficava aquilo preso na garganta dias e dias até, finalmente, descer goela abaixo quando a compreensão aliviava a mágoa no coração - os pescoções e sapos maiores do que minha capacidade de assimilar suportava. Precisei, como é de lei não escrita no relacionamento humano, renunciar tanto, baixar a cabeça incontáveis vezes, derramar lágrimas sobre o travesseiro enquanto refletia sobre fatos e atos, buscando entender o sentido de estar vivo quando inúmeros já tinham recebido o bilhete de ida sem retorno.

Fui percebendo, no passar do tempo, que para subsistir e ser completa a felicidade necessita de pequenas coisas do cotidiano, de detalhes simples, por vezes insignificantes, que fazem a grande diferença na contabilidade final e complexa desse estágio da existência tão anelado por todos nós. Todavia surpreendi-me ao descobrir o quanto a presença dos meus semelhantes é parte sin ne qua non dessa tal felicidade. Sem a presença imprescindível dos muitos próximos, em especial dos mais próximos como amigos, familiares, parentes e, claro, os amores, impossível seu desenvolvimento completo e sadio. Porque a felicidade, compreendi e me alegrei com essa assertiva, não vem sozinha e repentina como algo avulso ou uma folha seca trazida pelo vento. Para acontecer e tornar-se real, palpável e desfrutável a felicidade, da maneira como nós seres humanos a enxergamos, há que ter por base sólida, o esteio indispensável para firmar-se e permanecer, as demais criaturas dividindo conosco as benesses de seus gloriosos frutos.

De que maneira, então, é possível encontrar o caminho mais plausível para alcançá-la? Como isso é possível? Onde descobrir os contornos desse misteriosos e abstrato estado de vida tão ansiosamente procurado por todos os homens e mulheres?. O apoio e incentivo dos pais na infância, a amizade na adolescência, os braços amorosos da namorada, a constituição da própria família, o trabalho digno respaldado por salário adequado com vistas a um viver honroso e com qualidade, a leitura constante de bons livros e demais incentivos culturais que despertam o intelecto, enfim, todos os fragmentos de prazeres e alegrias brotando dia após dia fazem o painel de algo maravilhoso a que chamamos de felicidade.

Tropeços ocorreram porque são inevitáveis e inerentes a essa linda jornada onde nos colocaram nossos pais. Rosas e espinhos ocupam o mesmo espaço enquanto seguimos adiante. Temos consciência que a felicidade é construída aqui e ali, em momentos inesquecíveis bordados de risos contagiantes, com pedaços de alegria depois de escamoteadas as tristezas, olvidadas as desilusões. Penso que a felicidade me tem visitado vez por outra em seus frequentes retalhos e visíveis contornos, acreditando ser ela vivida de instantes, de pequenas pepitas de ouro que vamos encontrando no caminho escolhido por cada um de nós. Esse fabuloso êxtase a que denominamos de felicidade jamais será conseguido em sua totalidade por qualquer um de nós, porque ela se caracteriza nos lampejos momentâneos que nos dão prazer e a doce sensação de ser feliz. Lampejos esses inconstantes, inesperados e nem sempre à mão.

17 comentários:

Luna disse...

A felicidade é feita de pequenos instantes, e o nosso mal é que pensamos que são as coisas grandes que raramente acontecem que causam a felicidade e depois sofremos por não atingir.
Bj

Gabiprog disse...

Debemos cuidar esa capacidad de sabernos satisfechos en cada buen instante que nos regala la vida. No nos fijemos sólo en lo oscuro y lo sombrío, sino también en la luz y los colores.

Un abrazo.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDO GILBAMAR, BELÍSSIMA CRÓNICA... DESEJO-TE UM BELÍSSIMO FIM DE SEMANA... ABRAÇOS DE AMIZADE E CARINHO,
FERNANDINHA

Unknown disse...

Caro poeta,
as suas crónicas são sempre lindas, bem escritas e com temas deliciosos ou pertinentes.

Parabéns!

Veijinhos,
Ana Martins

Lujo disse...

Querido Gilbamar,
Por aquñi diríamos que "Tienes más razón que un Santo". Lo que acaba dando sentido a la vida son las pequeñas cosas, la cotidianidad, la familia, amigos...
Ahí está la esencia y lo que da sentido a nuestro día a día.
Un abrazo muy grande.
Felicidades por tu nuevo libro.

Sueli Maia (Mai) disse...

Mas a felicidade é mesmo um é, um já...
No hoje a única possibilidade de vivê-la...
O mais é revivê-la.

Outra vez, um belo texto.

Abraços,

Mai

Marinel disse...

La felicidad como bien dices,son instantes cual relámpagos,pero que dejan huella imborrable.
Y la vida con sus rosas y espinas, nos va aleccionando,nos va curtiendo en el hábito de vivir saboreando mejor, tras clavarnos una de esas espinas, que probablemente nos hayan causado tristeza además del consavido dolor.
Cualquier ser humano necesita un espacio donde crecer como persona.Un lugar para ubicarse socialmente; con un trabajo remunerado que le garantice una cierta comodidad, y sobre todo dignidad.Pero sobre todo necesita esa estabilidad donde sentirse vivo y pelear de continuo por esa evasiva felicidad momentánea...
Porque en definitiva,eso es lo que nos llevamos de esta vida.
Muy buena entrada,Gilbamar.
Besos.

Paula Barros disse...

Quando comecei a ler o seu blog apreciava a criação literária, a escrita, o domínio das palavras. Ficava admirada.

Com o tempo comecei a perceber que tem um alma iluminada que faz das palavras o veículo para levar mensagens de conforto e de reflexão.

Está sendo bom ler esse texto de felicidade, e me perceber feliz. As vezes temos uma outra compreensão da felicidade e até sofremos por não nos percebermos felizes.


abraços

Cleo disse...

Gilbamar, muito linda tua crônica, e para sermos felizes precisamos tão pouco.pequenos momentos e grandes sentimentos.
Seja feliz meu amigo.
te desejo um fim de semana iluminado de muita felicidade.
Beijos com carinho
Cleo

Saara Senna disse...

Olá Gil.

As vezes passamos a vida toda correndo atrás dessa tão sonhada Felicidade e não nos damos conta que ela pode está mais próxima de nós do que imaginamos.

Na vida, alguns "pequenos" instantes, fazem toda a direfença!

Beijo grande :)

BC disse...

Amigo Gilbamar há muito que não nos vemos, são os afazeres da vida._____________________

Venho desejar-lhe Um Bom Fim de Semana e já agora quando poder passe pelo meu novo blog:
"OUTROS SORRISOS"
bc-outrossorrisos.blogspot.com
Beijo
Isabel

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

A felicidade... Ela anda sempre ao nosso lado, ao nosso alcance, nós é que teimamos em nos distanciar dela!

Beijos e borboleteios querido!

Hariane disse...

Palavras tão ricas que nos fazem refletir encontro aqui.


Bjus floridos!

Ana Maria disse...

Apesar de muitos tropeços, temos que sempre estar otimista em busca da felicidade.
Beijinhos,

Ana Maria

krystyna disse...

Very beautiful and inspiring post, dear Gilbamar!

I choose happines!

And I wish you and your beautiful wife much, much love, blessings and happiness!

Laura disse...

Moço, a felicidade tem aspectos diferentes para cada ser...
Vejo e revejo, tempos distantes e de agora que a vida não funciona a contento para todos, para muitos que raramente atingem essa deliciosa coisinha chamada felicidade! Pode ser-se feliz só, pode ser-se mais feliz acompanhado, mas, a busca é incessante, e por vezes frustrante!...Chamem-lhe pouca sorte, ter dias maus, estar no lugar errado na hora errada, mas, o certo é que nem todos viemos para viver esta vida em felicidade!... Eu que o diga. Se por um lado sou feliz numas coisas, pelo outro a parte onde gostaria de poder ser mais um pouquinho...essa, esvai-se entre dias e dias sem ter o que gostaria, mas, como não se pode ter tudo!... Haja alegria pela vida, pelo sol que brilha, pelo amor dos filhos e dos amigos!... E aí nem me posso queixar... Um beijinho de bom Domingo..laura.

Anônimo disse...

A felicidade é um estado de graça, está em todos os cantos, basta-nos acreditar que ela existe e vivê-la intensamente.

Abraços.