quinta-feira, 16 de setembro de 2010

OS CAFÉS DE BUENOS AIRES

                                               
Sou fascinado pelo ar descontraído, calmo e romântico que emana dos cafés de Buenos Aires quando a tardezinha começa a perder espaço para a noite e muita gente se aconchega em seus espaços gostosos para saborear um saboroso café com alfajores e media lunas ou outras tantas gostosuras típicas da Argentina, enquanto bate papo e esquece o tempo. O aconchego das cafeterias suplanta o ar gelado que o vento conduz  por suas ruas e imensas e largas avenidas enregelando até os ossos dos transeuntes tanto no inverno quanto no outono e na primavera. Pelo sorriso e a animação de seus frequentadores, que ali se sentem como se estivessem em outra esfera do universo humano, longe do frio e do corre-corre, fica perceptível essa cultura tão própria de parisienses e italianos, entre outros, trazida até eles pelos europeus que lá aportaram  deixaram a profundidade de sua marca.

As cafeterias de Buenos Aires se mostram assim como estabelecimentos onde não se mede o prazer de um cafezinho por seu aroma, textura ou pela qualidade do blend servido, mas  através de um prisma mais de magia, sedução e fascínio. Porque tomar café nesses inúmeros locais espalhados em pontos estratégicvos pela cidade, em especial em alguns cuja fama ultrapassou as fronteiras internacionais, como o Café Torttoni, o La Biela e El Gato Negro, o Hard Rock Café, entre tantos outros, é um momento de quase reflexão filosófica, é imergir num suave cadeiloscópio, deixar-se levar sem rumo pelos pensamentos e esquecer o cotidiano. Então, o ato que parece simples ao mais comum dos mortais, para os argentinos se transforma num ritual de proporções estonteantes.

                                                            
                                       Eu, meio desfocado, na frente do Hard Rock Café(Foto de Ana Kaddja)
 
Mas os portenhos, todos eles, independentemente da classe social, não precisam esperar o cair da tarde ou o princípio da noite para sentar-se à mesa de qualquer uma das centenas de cafeterias pululando em todos os perímetros urbanos da bela capital argentina para tomar sua bebida quente e apreciar o vai e vem das pessoas, ou apenas para cultuar o ato como se fosse de lei a atitude. Na verdade, por lá, ninguém necessita de motivos ou de um horário diferenciado para esse intuito. A qualquer momento do dia ou da noite é possível encontrar um bom número de viciados no deleite das cafeterias completamente distraído sorvendo a bebida naquele local antigo já de sua preferência ou na primeira delas que lhe cair aos olhos em seu caminho para o trabalho ou a passeio. Gente bem vestida, senhores e senhoras idosos, trabalhadores, o povo em geral, enfim o argentino. Pois café em Buenos Aires é preferência nacional, como o vinho, a carne e as papas fritas. Ah, e o cigarro, claro - infelizmente!
                                      O salão interno do Hard Rock Café(Foto: Gilbamar de Oliveira) 
 
Não resta a menor sombra de dúvida que uma viagem à capital Argentina não se torna completa se o turista não conhecer e degustar as delícias de alguns cafés pelas esquinas da cidade. Caso queira algo mais sofisticado e cheio de requinte como talheres e bules de prata, além de pratos assinados pelo famoso chef do hotel, num salão luxuoso e encantador onde as pessoas se sentem como se estivessem participando de um fleumático chá inglês, impossível prescindir de usufruir o já tradicional e famoso Té da Tarde no Alvear Palace, na Recoleta, ou no Faena, em Puerto Madero, pois ambos oferecem momentos inesquecíveis ao servirem seus requintes e mimos. Melhor não dar atenção ao valor a ser despendido por esse luxo, o instante vale cada centavo. Os chás e o bufet, à escolha dos clientes, são de dar água na boca, verdadeiros momentos gourmets a serem conservados tanto na memória quanto nas fotos para guardar os flagrantes alegres e deliciosos que decerto todos vivenciarão.

Um comentário:

Giane disse...

Maravilhoso poder viajar a lugares tão bonitos através das suas Belas Palavras!

Beijos mil para Você e para a Ana, Amigo Gilbamar!!!