A LUTA DA RAZÃO CONTRA O INSTINTO
Foi uma febre chata e incômoda que me proporcionou, na minha adolescência, a melhor das leituras daquele tempo inesquecível. Eu tinha conseguido emprestado de alguém, não lembro quem, essa excepcional obra de Ernest Hemingway e ainda não havia iniciado sua leitura quando, por alguma razão que não me vem à memória, fui acometido da febre em questão e me vi encolhido e trêmulo enquanto minha mãe preparava uma infusão bem quente para me curar por intermédio do famoso suadouro. O suadouro era um método caseiro bastante eficaz, resolvia o problema da febre e consistia de o doente isolar-se num quarto todo fechado, beber a infusão e se agasalhar por completo para suar em bicas. Quando estivesse todo molhado de suor estaria definitivamente curado. Então, paulatinamente, ainda sem abrir a porta do quarto, se livraria sem pressa do agasalho e da roupa ensopada e aguardaria o momento certo para sair do quarto sem perigo de um vento frio provocar-lhe choque térmico. E adeus febre!
Pois nesse dia fui para o suadouro após tomar o chá quente e levei para debaixo dos lençóis o exemplar emprestado de O Velho e o Mar. Logo após a leitura da primeira página esqueci tudo e viajei no inimaginável universo de Santiago, o velho pescador e principal personagem da história juntamente com um enorme merlin que ele consegue pescar. Uma batalha inglória se inicia entre o peixe descomunal e o pobre homem já desprovido da força e do vigor de outrora. E o livro vai desenrolando de forma brilhante essa luta espetacular do ser racional cheio de artimanhas contra a criatura irracional ao longo do dia, enquanto os tubarões ao redor do barco de Santiago, aproximando-se pelo odor de sangue do merlin espalhado na água, entram na briga desesperados disputando com ele seu magnífico trofeu, que se debate tentando, por sua vez, livrar-se do anzol em sua boca e das mordidas dos mais perigosos predadores do mar.
O ritmo da história é frenético, como num movimentado filme de ação constante, ficando quase impossível os olhos e ao coração do leitor acompanharem ao mesmo tempo as nuances e os contornos do espetáculo. Santiago precisa levar para terra firme o resultado de seu trabalho, aquele enorme peixe amarrado ao lado do seu barco porque dentro não cabia, de maneira a provar aos outros pescadores que zombaram dele, achando-o incapaz de conseguir pescar sequer um lambari, que, apesar de já velho e fraco em termos físicos, estava em reais condições de pescar tão bem quanto quando era jovem. No entanto, seu barco afastou-se demais da praia e ele precisava ao mesmo tempo remar naquela direção, aquietar o merlin enfurecido e brigar com os tubarões esfomeados.
O resultado? Melhor ler a obra para saber. Tanto pela maravilhosa história em si cujo interesse do leitor em ir até a última página com vistas a saber como tudo terminará leva-o pela ansiedade a não largar o livro, quanto pelo estilo primoroso de Ernest Hemingway, o escritor norte-americano que encantou o mundo com obras como Por quem os sinos dobram, O Sol também se levanta(esses a respeito das touradas, que o empolgaram sobremaneira), Adeus às armas, entre outras. Prêmio Nobel de literatura em 1954, esse grande autor literário despediu-se da vida de maneira trágica e inesperada, mas legou à posteridade as mais preciosas pérolas do seu saber, de sua inteligência e de sua criatividade.
Foi uma febre chata e incômoda que me proporcionou, na minha adolescência, a melhor das leituras daquele tempo inesquecível. Eu tinha conseguido emprestado de alguém, não lembro quem, essa excepcional obra de Ernest Hemingway e ainda não havia iniciado sua leitura quando, por alguma razão que não me vem à memória, fui acometido da febre em questão e me vi encolhido e trêmulo enquanto minha mãe preparava uma infusão bem quente para me curar por intermédio do famoso suadouro. O suadouro era um método caseiro bastante eficaz, resolvia o problema da febre e consistia de o doente isolar-se num quarto todo fechado, beber a infusão e se agasalhar por completo para suar em bicas. Quando estivesse todo molhado de suor estaria definitivamente curado. Então, paulatinamente, ainda sem abrir a porta do quarto, se livraria sem pressa do agasalho e da roupa ensopada e aguardaria o momento certo para sair do quarto sem perigo de um vento frio provocar-lhe choque térmico. E adeus febre!
Pois nesse dia fui para o suadouro após tomar o chá quente e levei para debaixo dos lençóis o exemplar emprestado de O Velho e o Mar. Logo após a leitura da primeira página esqueci tudo e viajei no inimaginável universo de Santiago, o velho pescador e principal personagem da história juntamente com um enorme merlin que ele consegue pescar. Uma batalha inglória se inicia entre o peixe descomunal e o pobre homem já desprovido da força e do vigor de outrora. E o livro vai desenrolando de forma brilhante essa luta espetacular do ser racional cheio de artimanhas contra a criatura irracional ao longo do dia, enquanto os tubarões ao redor do barco de Santiago, aproximando-se pelo odor de sangue do merlin espalhado na água, entram na briga desesperados disputando com ele seu magnífico trofeu, que se debate tentando, por sua vez, livrar-se do anzol em sua boca e das mordidas dos mais perigosos predadores do mar.
O ritmo da história é frenético, como num movimentado filme de ação constante, ficando quase impossível os olhos e ao coração do leitor acompanharem ao mesmo tempo as nuances e os contornos do espetáculo. Santiago precisa levar para terra firme o resultado de seu trabalho, aquele enorme peixe amarrado ao lado do seu barco porque dentro não cabia, de maneira a provar aos outros pescadores que zombaram dele, achando-o incapaz de conseguir pescar sequer um lambari, que, apesar de já velho e fraco em termos físicos, estava em reais condições de pescar tão bem quanto quando era jovem. No entanto, seu barco afastou-se demais da praia e ele precisava ao mesmo tempo remar naquela direção, aquietar o merlin enfurecido e brigar com os tubarões esfomeados.
O resultado? Melhor ler a obra para saber. Tanto pela maravilhosa história em si cujo interesse do leitor em ir até a última página com vistas a saber como tudo terminará leva-o pela ansiedade a não largar o livro, quanto pelo estilo primoroso de Ernest Hemingway, o escritor norte-americano que encantou o mundo com obras como Por quem os sinos dobram, O Sol também se levanta(esses a respeito das touradas, que o empolgaram sobremaneira), Adeus às armas, entre outras. Prêmio Nobel de literatura em 1954, esse grande autor literário despediu-se da vida de maneira trágica e inesperada, mas legou à posteridade as mais preciosas pérolas do seu saber, de sua inteligência e de sua criatividade.
2 comentários:
Meu querido
Como sempre adoro ler os seus textos.
Ernest Hemingway, adoro
um escritor que se lê, quase sem respirar.
Deixando um beijinho
Sonhadora
Amigo, belo texto!
Beijinhos!
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