terça-feira, 11 de dezembro de 2007

MUNDO DOIDÃO - IV


São muitas armas engendradas
Para qualquer homem matar
Penso que mataram o amor
Só uns poucos querem amar
São raros os que se amam
Mundo afora todos clamam
São tantos querendo odiar

A natureza tem avisado
Que já não agüenta mais
O fim de suas florestas
A extinção de animais
As queimadas odientas
Tão desumanas e nojentas
Devastando os matagais

Porém o homem, impensado,
Deu um nó na natureza
Pôs suspensório em gato
Desencantou a beleza
Enterrou a curva dos rios
Perdeu todos os seus brios
E já de nada tem certeza

Então, seu olhar se anuviou
E tudo ficou enviesado
O que era branco ficou preto
Só vemos tudo trocado
Somos fantoches cantando
E como palhaços bailando
Num palco despedaçado

Vemos onça escrevendo
Cobra engolindo flores
Sapos comendo com garfo
Rã falando de amores
Já vi tanta coisa estranha
Até homens comendo aranha
Neste mundo de horrores

Sentado na beira da lua
Quando estava conversando
Com uma mulher muito linda
Vi certa vaca voando
Montada por um carneiro
Que ia alegre e faceiro
Bebendo café e cantando

A vaca planava altaneira
As patas da frente por asas
O focinho era turbina
E defecava sobre as casas
Vinte metros tinha o rabo
Grande era o descalabro
De estrelas virando brasas

Já o sabido do carneiro
Bebia café e jogava
As sobras pela cidade
Feito chuva ele molhava,
Com uma cara de safado
E bezerro desmamado,
Tudo por onde passava

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