segunda-feira, 10 de março de 2008

PRECONCEITO

Tem gente que, sendo rica,

Acha que tudo pode

E, muitas vezes, afirma

Ser da cidade o bode

Fala o que bem quer

E nem a poeira sacode

*

Pois não é que cara assim

Pensa que é maioral

Humilha quem é pequeno

É o manda-chuva local

E escolhe até Rei Momo

Na época do carnaval

*

É cheio de preconceitos

Só olha com indiferença

Sempre de cima p’ra baixo

Por ser rico de nascença

Seu carro é novo, do ano,

Gosta muito de aparência

*

Conheci um dessa espécie

Sujeito tolo e arrogante

Mauricinho do papai

Orgulhoso e petulante

E o infeliz protagonizou

Um caso bem interessante

*

De certa feita, num banco,

Onde seu dinheiro estava

Ele entrou todo apressado

Mas a fila não andava

E com a maior cara de pau

Tentou se a fila furava

*

Passou na frente de todos

Para ser logo atendido

Deixando pasmo e surpreso

Aquele povo reunido

E lograria seu intento

Se não fosse impedido

*

Uma senhora muito calma

Ali à espera também,

Disse que ele não podia

Passar à frente de ninguém

Era questão de direito,

Da democracia um bem

*

Do alto de seu orgulho,

Ele deu uma risadinha

Falando preconceituoso:

“Quem é você, negrinha,

P’ra me falar desse jeito?

Procure sua turminha!”

*

A mulher o olhou, séria,

Na emoção abalada

Dizendo:”você tá preso

Porque eu fui insultada

Vai agora p’ra cadeia

Pois eu sou um delegada”

*

“Você usou de preconceito

E vai pagar caro por isso

É preso inafiançável

Por causa do seu cinismo,

Sai daqui algemado

Pelo crime de racismo”

*

Veja só o que ele queria,

Esse racista infeliz

Falou palavras de insulto

Disse tudo que bem quis

E achou o chapéu da viagem

Quando arrebitou o nariz

*

O ricaço atrevido gemeu

Frases buscou gaguejar

Para limpar sua barra,

O tremendo fora ajeitar

Mas de nada adiantou

Pelo insulto ia pagar

*

À vista do povo sorrindo

Saiu todo humilhado

Com seu rosto contorcido

Mãos atrás, algemado,

Agora, pense num ricaço,

Vendo o sol nascer quadrado!

*

“Eu sou filho de fulano,

Ninguém pode me prender,

Quando meu pai souber

Você vai se arrepender!”

Ele ainda balbuciou

Tentando surpreender

*

Mas foi apenas balela

Tem gente que não aprende

E mesmo estando errada

Grita e não se arrepende

Achando que é influente

Mas para a Lei independe

*

Uma viatura lá fora

Às ordens da delegada

Levou o preconceituoso

Para uma cela quadrada

E nem seu paizinho rico

Adiantou mesmo de nada

*

Que isso sirva de lição

Para os tolos prepotentes

Racistas e fora-da-Lei,

Uns estúpidos doentes,

Que devem ir p’ra cadeia,

Os danados insolentes!

Um comentário:

Anônimo disse...

Foi muito bom esse poema nao me canso de ler ele ...
Ainda mais me ajudou num teatro que estava fazendo deu varias ideias ........