quarta-feira, 12 de março de 2008

COVARDES, COVARDES!

Eu rasgo meu coração

com os olhos marejados

dedilhando o violão

com uns tons desafinados

*

É triste a canção que toco,

sinto o olhar distraído

quando o vento vem eu soco

calado, enfurecido.

*

Permitam-me explicar

por que razão eu choro

se fico o violão a tocar;

calma, conto, não demoro

*

Vou começar do começo

como o matuto dizia,

mas se lembro estremeço

ah, quanta covardia!

*

Não se avexe, eu digo

e vou relatar agora

se não quer saber não ligo.

Espere, não vá embora!

*

Pois bem, eu vou começar

A contar uma história

Dessas de arrepiar

Ta aqui na memória

*

Havia um sujeito rico

dono de grande plantação

com manga, banana e trigo

ao redor de sua mansão

*

Cioso desse seu bem

mandou cercar o casarão

e não queria que ninguém

passasse por seu portão

*

As plantas do seu pomar

haviam frutificado

mas cadê alguém olhar?

só se fosse autorizado

*

Só que algumas crianças,

travessas em seu viver,

sonharam a esperança

daquela mansão conhecer

*

Moravam na vizinhança

e a mansão os encantava

daí a grande ânsia

de ver se nela entrava

*

E o único jeito que viram

foi o muro escalando

mas eles nem sentiram:

alguém estava olhando

*

O alvo dos pequeninos

era a manga, doce fruto

a delícia dos meninos,

jamais causa de luto

*

Eram três os sapequinhas

que correram apressados

à procura das frutinhas

logo no solo chegados

*

Súbito, um tiro troou

enquanto eles corriam

e a bala certeira chegou

ao alvo e todos caíam

*

Foi Joãzinho o baleado,

um tiro no coração

que o deixou estatelado

perto da manga no chão

*

Eu não quero continuar

esse caso me dá zanga;

como pode alguém matar

por causa de uma manga?

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