terça-feira, 22 de julho de 2008

FOI ASSIM - Inacabado

Saímos todos contentes
nossa viagem prometia
eu, meu tio, minha prima
também conosco a titia
naquele fim-de-semana
passar um São João bacana
na fazenda de Zé Maria
*
Como eu estava feliz
com essa oportunidade
e nem conseguia segurar
minha grande ansiedade
tanto iria me divertir
que nem pensava em dormir
naquela festividade
*
É que gosto das fogueiras,
também de ver subindo balão,
do barulho dos folguedos
tudo p'ra louvar São João
e quando todos estão dançando
isso vai acelerando
as batidas do coração
*
Planejei com minha prima
e tudo ficou combinado
nós veríamos quadrilhas
comendo milho assado
jogando chumbinho no chão
estrelinhas acesas na mão
com os meus tios do lado
*
Eles vieram me buscar
quando a tarde começava
mas eu já estava pronta
e o sol ainda nem raiava
então logo que os vi
estabanada eu corri
enquanto mamãe ralhava
*
A tarde se mostrava linda
meus tios iam conversando
o carro seguia na estrada
eu e minha prima cantando
era tão emocionante
como eu ia radiante
só coisas boa pensando
*
Ah como não sabemos nada
na nossa vida imprecisa
tantos planos fazemos
quase nenhum se realiza,
uma das grandes verdades:
muita da nossa vontade
só nos desejos desliza
*
Viajávamos tão felizes
nos braços da alegria,
impossível lembrar tristezas
principalmente nesse dia,
mas viver é uma surpresa
e nunca teremos certeza
de como tudo seria
*
Só queríamos diversão
num fim-de-semana feliz,
esse lado bom da vida
todo mundo sempre quiss
em notar que imprevistos,
embora nunca benquistos,
vão na rota que o destino diz
*
Tudo aconteceu tão depressa
que nem sei como explicar
subitamente a estrada
deu a impressao de acabar,
virou uma nuvem escura
então naquela altura
vi tudo antes de desmaiar
*
Totalmente enlouquecido,
um monstro descontrolado,
desceu o carro um barranco,
eu dei um grito alarmado
em pedras e árvores batendo
nosso carro foi descendo
e parecia tudo acabado
*
Foram ficando na queda
do carro alguns fragmentos
destroços que se espalhavam
feito gotas de tormento,
a vida ficou em pedaços,
gritos, dor, estardalhaços,
tudo findava num momento
*
Depois, silêncio e poeira,
caos, folhas e galhos no chão,
a tragédia toda consumada
iam-se tantos sonhos, a ilusão,
linha de vida e morte cruzada
vidas feridas, fim da jornada,
para tanta dor haveria razão?
*
Não sei quanto tempo voou
após o horror que passamos
sendo difícil precisaro período
que ficamos,feridos, desacordados,
no esmo abandonados
pelo tombo que levamos
*
Fumaça, ferragens, dores,
esse terror multiplicado,
teatro de sofrimento
num cenário estragado
não preciso nem dizer
que sentindo o corpo doer
meu braço estava quebrado
*
Não vejo necessidade
de cada detalhe falar
seria muito chocante
então a todos vou poupar
prefiro cobrir tristezas
escondendo as incertezas
basta o principal narrar

3 comentários:

mundo azul disse...

...triste episódio! Realmente, nem sempre sabemos como serão as nossas curvas na estrada da vida...
São versos bonitos e cadenciados...Gostei!

Beijos de luz e o meu carinho...

Anônimo disse...

Belo trabalho Gilbamar, apesar do final não ter sido feliz. Deixo aqui um grande abraço. Bom fim de semana!

Anônimo disse...

Linda escrita embora triste...Adorei seus textos voltarei sempre.Obrigada pelo comentário no recanto....Abraço volta la´sempre.