terça-feira, 10 de março de 2009

QUE FALE MINHA SENSIBILIDADE!



Hoje pretendo deixar os dedos correndo sobre o teclado do computador sem qualquer disposição de os guiar, para que digitem a mensagem nascida da potente sensibilidade do tato, sem peias, sem amarras, ficando o controle somente para o momento do cansaço. Então, seguindo completamente esse diapasão, as letras formem frases e, estas, parágrafos, surgindo, daí, alguma mensagem interessante mesmo desconexa. Os dedos e as mãos que falem! Como se fossem meros instrumentos do fascínio e do além-imaginado. Caia sobre o brilho esfuziante do terminal a ofuscar meus olhos uma grande tempestade de palavras e provoque alguma espécie de enxurrada repentina capaz de alagar as ruas do meu pensamento, afogando e levando com os indistintos termos a opressão das novas regras gramaticais, do justificado que corrige e alinha as linhas esquerda e direita do texto, do algo a declarar exigido nas crônicas.

Quero a liberdade de permitir-me fluir pelas letras sem sufocar minha inteligência nem oprimir a criatividade com objetivos pré-fabricados. Porque não me cabe premeditar quais vocábulos unidos deverão ser lidos por meus raros leitores. Nem devo tentar impingir-lhes fórmulas literárias arquitetadas em laboratórios mentais. Escrever tudo ao bel prazer da telha, eis meu sublime anelo. Rabiscar o espaço todo branco com risquinhos escuros ao jeito das crianças e sua abençoada inocência. Não determinar conceitos planejados, nunca usar a intolerância da força ou dos sofismas para definir preleções nem conceituar precocemente alusões para esse ou aquele leitor.

Não, hoje só vou escrever prosas de nonadas, fragmentos de desconjunturas, displicentes incoerências e risíveis quimeras desconexas. Nem mesmo enveredarei pela facilidade minimalista das linhas mínimas com máximo e equilibrado conteúdo, passando longe também, decerto, da lógica cartesiana e dos traços melífluos dos abnegados certinhos da cultura. Mergulho acintosamente no leito caudaloso da contra-cultura sem nenhuma mácula ou dorzinha na consciência. E o faço somente pelo lúdico prazer de brincar de criancice com a sopa de letrinhas desenhadas no teclado surdo à minha frente. Não há outro objetivo. Como a petizada sapeca, apraz-me sorrir sem encontrar razões para isso, desperta-me o interesse o vôo dos vagalumes; aguça-me a curiosidade saber por que o céu às vezes é azul, outras escuro e sombrio; leva-me às garras da emoção ver meninos de rua em plenipotenciário estágio de abismo abaixo, de fome, de abandono, de mágoa, de protagonista de nenhum futuro. A incerteza de tudo me causa lágrimas.

Hoje eu não estou conseguindo segurar as pontas no auge de tantas injustiças e da desenfreada violência de seres humanos contra eles próprios. Ah, eu gostaria de expor meu contundente e completo desprezo contra os desgraçados bandidos de qualquer espécie promotores da cruel violência que vem assolando o nosso tempo. Para todos eles o meu mais completo e absoluto desprezo. E a esperança de vê-los pagando por seus sórdidos crimes sob o máximo rigor da lei.

Hoje, em protesto contra a covardia dos violentos cruéis e frios, que atiram de maneira vil e sórdida contra suas vítimas indefesas, abstenho-me de escrever algo coerente.

22 comentários:

Delírios de Maria disse...

Belíssimos textos e blog também.
Eu não irmã de seu amigo de Fotaleza.
Moro no Pará, na amazônia e sou de Belo Horizonte.
Visite mais o meu blog, fico grata com sua ida lá.


FICA COMIGO ESTA NOITE

Pobre pássaro
tu que cantas para mim todos os dias,
sem fantasias
grandiosa poesia
alegria em dias pardos
uma multidão de luzes
e- pensamentos estavam lá-(...).

Christi... disse...

Sim meu amigo, quando simplesmente deslizamos nossos dedos pelo teclado, deixamos a mente e o coração dar seu curso, e sua sensibilidade além de apurada é apurativa nos fatos que citou.

Vim te desejar um lindo dia.
Bjs no coração

Chris

Cynthia disse...

Un placer pasar a visitarte...
mis besos te dejo y un gran abrazo.

cariños.

Gabiprog disse...

Gracias por este torrente de palabras donde prosiguen el curso de tus pensamientos.

Un abrazo.

BC disse...

Há dias assim e as palavras saem suavemente sem destino nem hora marcada e seguem seu caminho!!!!
Beijo
Isabel

Liliana G. disse...

¡Excelentísimo pensamiento! Comparto con vos en plenitud el razonamiento sensato de tus palabras.
Un gran abrazo. Es un placer leerte.

Diosaoasis disse...

Tiene siempre de fantastico tus poemas impresos en tu blog. Saluditos.

Paula Barros disse...

A você é permitido escrever de qualquer forma. Seu pensamento não se perde. Suas palavras não erram caminho.

Fiquei pensando que até se fizer uma sopa de letrinhas, vira uma sopa de frase, de pensamentos.

E assino embaixo o protesto contra a violência, de todos os tipos.

abraços

Atreyu disse...

Violência?!
Nenhuma vale a pena!
Lindo texto! Massa!!!

@Intimä disse...

Un besito, y muchas gracias por dejar tu huella en mi blog para venir a visitarte.
:-)

La Gata Coqueta disse...

Te es absurdo escribir algo coherente según ves pasar la vida ante tus ojos en estos instantes.

Ojos preparados para ver la belleza de la vida y plasmarla con tus ágiles manos en un folio en blanco, para que el mundo te pueda leer tus decires y pensares con la profundidad que nos transmites en estos textos.

Con lo fácil que seria irme a la cama y ponerse a soñar con lo que más nos gustaría ser o hacer y no puede ser porque nos vienen a la mente las injusticias tan inconmensurables sin tener una causa justa o una explicación coherente, solamente es abusar del poder hacía los seres indefensos.

Hoy todo lo que has expuesto, tiene una gran carga de emotividad y resentimiento hacia un mundo incomprendido ante tu atenta mirada, que no comprende lo que ve pasar como si de renglones de un texto se tratase.

Un fuerte abrazo y te deseo un día lleno de paz y ternura para compartirlo con los que te rodean de continuo en el día a día.

Carmem Dalmazo disse...

Passei para te deixar um abraço meu amigo!

Fique bem!

Auristela Fusinato Wilhelm disse...

Bom dia amigo.
Que venham as palavras
pensadas, faladas, escritas, jogadas.
Não importa, retratarão sempre a sensibilidade maior.
Um abraço, Auristela

Val Du disse...

Deixa falar! :)

Um belo texto, como sempre.

Abraços.

Lujo disse...

Muchas gracias por haber visitado mi blog. Estoy encantada de conocerte; por eso me he unido a ti como seguidora para no perderte.
Es un honor haber recibido tu visita.

Mil gracias.

Pd: Me gusta loq ue escribes, eres un artista.

toñi disse...

Escribir sin ataduras, dejar la mente fluir y liberar palabras sin sentido pero con mucho sentimiento!
Felicidaddes.

Un beso

Hariane disse...

Agradeço pelo elogio! As significativas palvras me emocionaram profundamente.

Qaunto ao seu escrito, as palavras escorrem pelo papel em ritmo de dança. Delineadas seguem seu curso sem qualquer interferência do computador, mas com total autonomia da mente.


Bjus floridos!

:.tossan® disse...

Gilbamar, mas é por essa narrativa poética que é muito bom te ler, flui. Tu és alem de poeta um grande cronísta. Abraço

GoldShine disse...

quanta indignação!
precisamos de pessoas que expressem suas revoltas. As nossas revoltas.

http://xcafedamadrugadax.blogspot.com

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Quando deixamos falar o que há em nós... Eis o que acontece... Esta beleza de texto que postaste!
Beijos e borboleteios

Caperucita disse...

Hola, yo como tú creo que a todos estos seres violentos que además se ensañan con los más débiles deben de recibir un justo y ejemplar castigo.
Ya está bien de tanto maltrato.
Solo con amor se puede mejorar el mundo.
Besos con cariño.

Anônimo disse...

I just added this website to my feed reader, excellent stuff. Can't get enough!