quinta-feira, 16 de abril de 2009

O CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA - III

A fila nos levou até a entrada do túmulo de São Tiago, o apóstolo. Não tão rapidamente, porém, porque, muito comprida, serpenteava vagarosa por entre o tumulto de muita gente indo e vindo. Além do mais, comprovei mais tarde, a entrada do túmulo era estreita e alta, sendo preciso subir alguns degraus para alcançá-la. Quando de nossa vez, ao adentrarmos no local surpreendeu-nos a repentina e inesperada presença de um monge sentado no estreito recinto, as mãos cheias de santinhos, ao lado do busto de Tiago, circunspecto e todo cerimonioso. Ana olhou para ele meio assustada esboçando um sorriso decerto constrangido, mas o religioso endureceu o olhar e disse algo ríspido, eu entendi uma ou duas palavras do seu sotaque galego, ao contrário de Ana que olhou para os lados, tornou a sorrir - eu sorri também -, arrancando do religioso um suspiro de enraivecimento, tanto que prosseguimos túmulo adentro sem dele recebermos o santinho distribuído aos visitantes.

A enorme construção, com mais de oito séculos nos costados, dividia-se em diversos compartimentos, cada um com sua própria história e característica, destarte nada fácil de ser visitada em seu todo em tão pouco tempo. Vinha o momento do almoço, por outro lado, ademais ainda haveríamos de explorar as redondezas em busca de restaurantes, a chuva continuava a cair, não conhecíamos aquele labirinto, uau!, uma série de questões nos impeliram ao corredor de saída. A velhinha que esmolava à porta continuava lá entregue aos lamentos numa ladainha incompreensível, a mão estirada no indefectível gesto de pedir, completamente coberta da cabeça aos pés, de fora somente os espertos olhinhos.

A saga da procura por um restaurante ao nosso gosto, onde não fosse permitido fumar(em quase todos eles as pessoas podem fumar à vontade, há placas informando logo à entrada dos estabelecimentos) durou uma eternidade. Mormente por causa da chuvinha renitente e perturbadora. Sob o simples abrigo de uma sombrinha comprada à saída da Catedral, entrávamos em ruelas, descíamos e subíamos ruas com piso irregular, salpicados pelo toró interminável e nada de encontrar local para não fumantes. Optamos, ao depois de tanto perambular, por um onde não avistamos a malfadada plaquinha dando conta ser próprio para fumantes, o Casa de Xantar Burzo Enxebre, meio escondidinha na dobra de uma esquina. Provavelmente não seria permitida a presença dos fumantes com suas irritantes baforadas venenosas. No entanto, a vitória mostrou-se efêmera ao entrarmos, pois o tal aviso, bem maior e em destaque, fora colocado justamente no salão das refeições. Decepcionado, fiz menção de sair e continuar o périplo lá fora, mas como o lugar estava vazio e Ana sugeriu-me ficar ali mesmo por causa da hora e do mau tempo, acatei a sugestão e sentamos. Tratando-se de estabelecimento onde poderiam fumar à vontade, durante toda minha estadia fiquei tenso ante a possibilidade de alguém acender um cigarro e soltar baforadas a torto e a direito. Graças a Deus isso não aconteceu apesar das muitas pessoas que chegaram depois e de nós e quase encheram o restaurante. Deliciamo-nos saboreando um prato típico da região: Lubina à prancha.

8 comentários:

Gabiprog disse...

A veces es dificil encontrar el lugar adecuado para comer cuando apremia el tiempo y la lluvia no da respiro.

Un abrazo.

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Gilbamar, dá vontade de percorrer esses caminhos... Mas quem pode dizer que não o faço através de tuas palavras?

Beijos e borboleteios

Carmem Dalmazo disse...

Como é bom viajar com voces!!!..

Beijo

Diosaoasis disse...

En algunos lugares no permite que fumen, la verdad para mi es molesto.
Pero sin embargo disfrutastes un plato tipico.
Saluditos gracias por contarnos los pormenores.

ETERNA APAIXONADA disse...

*****

Obrigada pela sempre gentil visita, meu amigo!
Fiquei feliz em saber que a viagem foi muito feliz, e os encontros com nossos amigos em comum também!
Um ótimo final de semana para você e sua esposa.
Abraços

*****

Maria Flor! disse...

Ah! vontade de fugir daqui e alçar voo para esses lugares mágicos.
Viajei nos seus textos.
Muito belos.
Agradeço sua visita, volte sempre!

Beijos da Flor!

Gina disse...

Gil, pelo jeito vocês não viram o badalar dos sinos no interior da catedral, um espetáculo à parte.
Santiago é linda!

Helô Müller disse...

Parabéns pelo excelente nível do seu Blog, Gilbamar !! Gostei de tudo o que li ...
Abraços
Helô