quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A PEQUENA SEREIA NAS MINAS GERAIS

Programei para hoje um passeio à histórica cidade de Ouro Preto, já a emoção vibrando ante a expectativa de deslizar pelas ladeiras e adentrar os museus e os templos católicos, como a reviver a história da qual foram testemunhas. Andaria à sombra do passado, eu antevia, e fotografaria os detalhes mais pungentes e significantes. Eu assim quisera, pelo menos, mas por circunstâncias diversas a visita ficou para o fim de semana próximo Viajei, então, para a também histórica Sabará, um tur que se revelou com a mesma intensidade emotiva. Primeiro, o trajeto enveredando pelas ruas movimentadas de Belo Horizonte; a seguir, para deleite dos meus olhos, a exuberância do arvoredo acenando-me de seus galhos ao longo do caminho. Avistei, para meu grande encanto, mais árvores do que jamais vi, nos canteiros, nas calçadas, nos acostamentos, nos vales, nas serras, nos quintais, ao redor das residências, nos morros, enfim, árvores enchendo de sombras bem vindas as ruas e avenidas e estradas. Sendo quase como um bairro de BH, as pessoas caminhavam serenas sob as árvores enquanto o sol tentava atravessar em vão as suas folhas unidas em bloco a impedí-lo. Ao passar por elas, via-lhes o semblante feliz, a tranquilidade de quem vive num Estado cuja qualidade de vida no aspecto ecológico já atingiu elevado padrão. E, devo confessar, não pude resistir a uma pontinha de tristeza por não ter, na mesma intensidade, onde moro, essa regalia natural, esse verde intenso que cobre cada centímetro quadrado de BH. Antes de chegar a Sabará, presenciei, às margens da estrada, as mais belas vistas, estas indescritíveis e valentes, porque me derrotaram, deixaram explícito que não tenho aptidão para descrever-lhes a beleza e o encanto, as palavras me fogem e permaneço atônito e sem ação. Basta dizer que eram magníficas, estonteantes, lindas. Sobre Sabará, nem tanto, à parte sua arborizaçao tal qual BH. Afora isso, pouco da arquitetura colonial, algumas igrejas maltratadas, pequeno comércio, restaurantes antipáticos e um povo sério, embora acolhedor. As igrejas estão mal cuidadas, especialmente a de São Francisco, a de pedra e a do Rosário. O museu é o que se espera dele, nada mais. Assim, minha permanência foi a mínima possível, curtinha mesmo. Logo regressei a Belo Horizonte para novamente apreciar as árvores e demais plantas que já tornavam a me acenar tão-logo me viam. Ah, sim, e fui também agraciado com sorrisos que o Rio das Velhas, as serras e os vales me lançavam. Cortando parte de Sabará, sinuoso como uma cobra mansa, o rio corria vagaroso o seu curso, e um peixe repentinamente lançou-se de suas águas, abriu sua boca no ar e mandou-me um beijo amigo. Naquele momento, conclui que não era um peixe, mas, certamente, uma pequena sereia perdida por aquelas bandas das Minas Gerais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito