quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

RUA DAS FLORES, EM CURITIBA



Na manhã do sábado, mesmo sob um calor infernal de mais de trinta graus, como estava na época em que para lá viajamos, vale dar uma despretensiosa caminhada pelo burburinho da Rua das Flores, local onde os curitibanos costumam se reunir para um bate-papo descontraído ou para aquele passeio sem compromisso com o tempo. Uma multidão acalorada desfila pelo local trocando sorrisos, olhares e, por vezes, encontrões no ruge-ruge que se forma. Ali é possível ver de tudo um muito, aliado às cores dos quadros expostos à venda, ao sussurro das conversas, à madorra dos vendedores de artesanato, às gargalhadas dos que bebem nos bares dos arredores e aos gracejos de algum palhaço solitário que resolve fazer graça gratuitamente para os presentes. Troçando dos passantes.

Vimos um sujeito assim no dia em que fomos bater pernas na Rua das Flores transbordando de tanta gente. Afinal de contas, vivíamos o período natalino e o corre-corre para comprar presentes se intensificava. E em meio a tudo isso, bem no núcleo dos que iam e vinham se encontrava ele todo de vermelho, cara pintada, todo metido a engraçadinho para arrancar risadas de quem estava num bar próximo bebendo, fazendo mungangos e tirando sarro dos circunstantes. Quem passasse na frente dele se tornava alvo de suas piadinhas e graçolas, tornando-se o pato ridículo de quem todos riam e zombavam.

Minha esposa, muito mais perspicaz do que eu, notou isso bem mais rápido do que um piscar de olhos e impediu-me de ser a próxima vítima do palhaço. Assim, contornamos pelo lado, aliviado eu quando ela me disse o que estava realmente acontecendo, e paramos já lá adiante para assistir aos infelizes shows proporcionados pelos incautos. Tão-logo eles cruzavam com o palhaço, este abria os braços, o rosto contorcido como a chorar e gritava: "Papá!" Se o sujeito não lhe dava atenção ele lançava uma olhar maroto para o público, acompanhava a vítima apressada e, com o mesmo gesto mas agora exibindo as feições ferinas, bradava em alto e bom som, as mãos nos quadris: "Mamãe!" A galera caía em estrondosa gargalhada, e o coitado do transeunte só faltava procurar um buraco para se enterrar, tão envergonhado ficava.

Num determinado momento, uma senhora caminhava inconsciente do que estava acontecendo e ele, todo risonho, os braços absurdamente abertos e gritando "minha querida amiga!" foi na direção dela. A coitada, sem saber da peça que lhe estava prestes a ser pregada, preparou-se para o abraço transpirando sorriso. Mas o cafajeste, na hora agá, desviou-se dela e, lá adiante, ficou a zombar da pobre senhora, sob as estrondosas gragalhadas da turba satisfeita.

Permanecemos mais alguns instantes assistindo às peripécias do bobalhão que buscava fazer os outros de idiota, aplaudido delirantemente por um bando de desocupados bebericando sua cerveja a um sol de mais de trinta graus. A Rua das Flores ficou menor com aquelas palhaçadas sem propósito. Depois, nos dirigimos para o local onde apanharíamos a "jardineira", espécie de ônibus com dois andares que circula pelos locais turísticos de Curitiba. Assunto para outro dia.

16 comentários:

O Profeta disse...

A terra dorme em sobressalto
Um grito brota da alma
Danço com esta bruma de Inverno
Rodopia em meu peito uma estranha calma

Águas despertas, Mar bravio
Cai sobre mim um nevoeiro perverso
Uma onda estende seu manto de espuma
Açoita as pedras adiando o regresso


Bom fim de semana


Abraço

Paula Barros disse...

Quando estive em Curitiba estava muito frio e a rua das Flores em obra, não conheci.

Brincadeira sem propósito. Sem graça realmente.

abraços, bom final de semana.

Anônimo disse...

Sempre me impressionou o riso tolo,quase alarve,das pessoas,q.
troçam dos outros,q.só riem do mal.
Porquê?
Belíssima crónica,meu Amigo.Aliás como sempre.
Bom fim de semana.
Beijo para o meu querido casal.
isa.

Unknown disse...

hola gilbamar!!!!!!

lindo tu relato!!!!!
paseando con tanto calor y contando tus experiencias en la calle........
gracias por compartirlas y esperamos como sigue el paseo en el autobús........

un abrazo

krystyna disse...

Hi Gilbamar!
I injoed my time visit Curitiba with you and your wife.
Great photo and your writing;
Where is Curitiba - street of flowers? How far from your place?

Have a beautiful weekend!

Vivian disse...

...olá poeta!

eu não quero defender o palhaço
das brincadeiras.

mas quero deixar uma observação:

não foi melhor ele de palhaço
do que de verdadeiro trombadinha?

pensemos..

bjusss

Diosaoasis disse...

Me gusto saber como es sentir eso allá, la verdad el calor debe ser fuerte pero seguro también da alegría a la vida.
Gracias por compartir tus escritos.

Dany disse...

Piadinha de mau gosto, hein?! Triste esse tipo de coisa que, pra fazer sorrir a uns, é preciso tripudiar em cima de outros... parece até o nosso governo, né?!

Bjs

Níyume disse...

Amgo, me ha encantado este relato, quiero saber más de ese recorrido.
Un abrazo para ti y tu esposa

Giane disse...

Amigo Gilbamar;

Já fui vítima de piadas sem graça como essa. Não tem graça nenhuma...

Bom são os "Abraços grátis" ou "Free Hugs" - esses sim são bem legais!

Gosto de suas impressões de viagem, conte mais!

Beijos mil!!!

Luiz Caio disse...

Olá amigos!
Estou passando rápidamente para comunicar-lhes que estou sem net desde quarta feira (dia 4) por isso estou ausente! Mas assim que o problema for solucionado colocarei tudo em ordem novamente...

Obrigado pelas visitas e pelos comentários que me deixou!

Um grande abraço, e um ótimo final de semana!

Luiz Caio disse...

Olá amigos!
Estou passando rápidamente para comunicar-lhes que estou sem net desde quarta feira (dia 4) por isso estou ausente! Mas assim que o problema for solucionado colocarei tudo em ordem novamente...

Obrigado pelas visitas e pelos comentários que me deixou!

Um grande abraço, e um ótimo final de semana!

elisabete fialho disse...

Pois é bom amigo, inconvenientes e gente palhaça tem em todo lado
Olhe que por cá em Portugal chaga a ser mais os palhaços que a própria plateia...para que estou na brincadeira mas acredite que o afirmo com magoa
Abraço

Jonice disse...

Moro em Curitiba. Passo sempre pelas margens ali naquele trecho da Rua das Flores. Mesmo quando nenhum deles está à vista, porque eles surgem do nada, do nada!
:)

Sonia Schmorantz disse...

A palavra mágica
dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

Carlos Drummond

Lindo domingo!
abraços

creaciones un zapatito de cristal disse...

ME ENCANTO EL BLOG SE RESPIRA PAZ Y SENTIMIENTOS MARIA