quarta-feira, 2 de setembro de 2009

AQUELE LINDO BEIJA-FLOR

O solitário beija-flor, enamorado de minhas flores atraentes, sempre aparecia no jardim de minha casa todos os dias, ao entardecer, já quando o ocaso começava a pintar o céu com diversas cores. Na maioria das vezes chegava apressado, olhava para todos os lados talvez temendo algum concorrente ou uma ameaça qualquer, mas invariavelmente logo depois de sondar o ambiente voava todo solícito ao encontro amoroso. Subia para tocar e beijar as flores do alto e ali ficava em êxtase por instantes, a seguir voava ansioso, rápido, entregando-se aos ósculos nas que se escondiam nas proximidades da parte baixa das plantas. Todo esse gozo espetacular não durava mais que alguns minutos, o azul-esverdeado de seu frágil corpinho pincelando o espaço aéreo para deleite de meus olhos fascinados. As visitas diárias daquele beija-flor se tornaram um hábito para o encantamento do meu coração. À uma segura distância dele, de modo a não perturbar-lhe o tênue momento de amor com suas amadas nascidas no meu jardim, eu cuidava com todo zelo para que nada nem ninguém pudesse atrapalhar o seu prazer.
Numa tarde qualquer que o tempo esqueceu, a pequenina ave azul-esverdeada não apareceu para seus encontros de amor com minhas flores. A princípio tive esperança de que ele pudesse estar atrasado por algum motivo desconhecido de mim, mas logo as horas foram passando, o sol se vestindo para dormir, o espaço celestial começou a escurecer paulatinamente e nenhuma notícia dele, nem a mais remota. Em vão o esperei olhando desesperado para cima, no rumo das esquinas, da vizinhança, dos fios elétricos esticados nos postes, e buscando seu vulto que a tristeza insistia em não trazer. Por favor, não contem para ninguém, mas eu, contrariado por ter perdido a dose diária de poesia viva proporcionada por aquele beija-flor enamorado, depois de esperar até o anoitecer, quando já não haveria mais nenhuma possibilidade de ele chegar, sentei-me num banquinho colocado entre as plantas e chorei. Depois disso nunca mais avistei o poético beija-flor. Em algum lugar, num momento qualquer daquele dia, algo de muito grave aconteceu e levou do meu jardim, para sempre, o mágico instante de fascinação que o belo poema cheio de vida que era o beija-flor me concedia.

4 comentários:

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Aquele lindo beija flor , que doce tocante conto, que nos faz viajar pela imaginação

Um grANDRE ABRAÇO

ANDRESA ARAUJO

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Com certeza,uma cena linda de se ver.E uma bela crônica de se ler.uM ABRAÇO

Mundo Animal. disse...

::: (\\_(\\
*: (=“ :“) :*
•.. (,(““)(““)¤°.¸¸.•´¯`» GRACIAS POR ESTAR EN MUNDO ANIMAL.

Liliana G. disse...

¡¡Bellísimo Gilbamar!! Ni siquiera necesité del traductor para comprender la magia de tu relato.
La poesía es eso, el amor es eso, es llorar porque se ha perdido para siempre una parte, aunque pequeña, de nuestra hermosa vida.

Un fuerte abrazo, amigo.